Essa semana, diante de alguns fatos acontecidos, lembrei da famigerada Resenha que todo aluno deve entregar na disciplina Fundamentos da Educação em Saúde. Na oportunidade optei por Pedagogia da Autonomia – saberes necessários à prática educativa, de Paulo Freire.Confesso que por vezes acho o autor enfadonho, mas dessa vez fiquei preso às suas observações, particularmente por achar que suas idéias sobre saberes necessários à prática educativa chocavam-se com o que é praticado por muitos mestres e doutores, professores no Campus Ceilândia da Universidade de Brasília. Agora, mais uma vez, me deparo com uma prática educacional que pouco se importa com a autonomia do educando, com ênfase especial à depreciação e minimização do aluno. Abaixo estão alguns trechos da resenha.
Atentando-me para a necessidade de autonomia defendida por Paulo Freire, causa-me estranheza, para não dizer surpresa. a leitura desse livro num ambiente universitário marcado justamente pelo contrário. Não porque o texto não seja apropriado, já que é muito, mas pela incoerência entre as idéias defendidas pelo autor e a prática docente presenciada na academia, pelo menos por boa parte dos educadores, se é que eles assim se considerem. Existe prática educacional no ambiente acadêmico? Por considerar que sim é que farei comparações entre o lido e o vivido. Não falo por todos os ambientes acadêmicos, mas sim desse onde estou inserido .
O que dizer de um processo de autonomia do educando quando doutores e mestres do alto de suas arrogâncias pouco se importam com as dúvidas, inquietudes e discordâncias em relação aos seus dizeres? O que muitos desses professores desejam é que os alunos sejam meros reprodutores das informações transmitidas. É claro que existem ideias e pensamentos preponderantes em todas as disciplinas, mas não é esse o caso. O aluno deve abrir mão de posicionamentos e opiniões. A universidade parece ser adepta da educação “bancária”. Não há respeito pelas diferenças, ou melhor, há respeito pelas diferenças previamente aceitas por grupos de pensamento dominante.
Para Paulo Freire, o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, transgride fundamentos éticos de nossa existência. Muito mais agradável é aquele educador que cria uma prática educacional horizontalizada e que está pronto para ouvir e se necessário corrigir. Que de fato assume-se como educador e propicia um ambiente favorável à autonomia. Por sorte também posso conviver com esses exemplos.
Mas sou apenas um aluno do 5º semestre!!! Bem-vindo à realidade!